Xi Jinping Planeja Visita Estratégica ao Brasil em Novembro

Durante uma série de visitas europeias, o presidente chinês busca reforçar laços e promover a adesão brasileira ao projeto Belt and Road

O Presidente da China, Xi Jinping, iniciará sua primeira viagem à Europa em cinco anos nesta segunda-feira, com o objetivo de explorar oportunidades estratégicas e promover uma nova ordem global. Sua jornada começará na França, seguindo para visitas à Sérvia e Hungria.

Simultaneamente, os preparativos estão em andamento para uma potencial visita de Xi Jinping ao Brasil em novembro, que pode ocorrer antes ou depois de sua participação na cúpula do G20, agendada para os dias 18 e 19 do mesmo mês, no Rio de Janeiro. A visita, que ainda não foi oficialmente confirmada, seria a terceira de Xi ao Brasil, seguindo suas estadas em 2014 e 2019, além de uma visita anterior à sua ascensão como líder chinês.

A expectativa é que esta visita, planejada como uma visita de Estado em Brasília, simbolize a elevada estima das relações bilaterais através de cerimônias formais e destaque a importância do crescente comércio e investimento entre os dois países, apesar de um recente recuo nos investimentos.

Um dos principais objetivos dessa visita seria fortalecer a adesão do Brasil à iniciativa Belt and Road (Cinturão e Rota), um projeto de expansão de infraestrutura global lançado por Xi Jinping em 2013. Este projeto busca ampliar a influência global da China e tem como meta vincular mais estreitamente a China ao restante do mundo, promovendo as exportações chinesas e expandindo a influência chinesa através de investimentos estratégicos em infraestrutura.

Em meio a crescentes tensões geopolíticas, especialmente com os Estados Unidos, a China vê no Belt and Road uma ferramenta crítica para aprofundar laços diplomáticos e econômicos, apesar das dificuldades financeiras enfrentadas por alguns países participantes. Recentemente, o programa foi recalibrado para incluir iniciativas de menor escala e expandir seu escopo para incluir setores como energia renovável e saúde.

A visita anterior do Presidente Lula a Pequim, em abril de 2023, reiterou o interesse mútuo em sincronizar as políticas de desenvolvimento e programas de investimento dos dois países. A próxima visita de Xi ao Brasil poderá, assim, consolidar ainda mais essas relações, debatendo a possível integração do Brasil ao Belt and Road, algo defendido por figuras como o embaixador Celso Amorim, que vê poucos impedimentos para tal adesão.

Este cenário sugere um alinhamento cada vez mais estratégico entre Brasil e China, apesar da necessidade de equilibrar essa parceria com as relações diplomáticas com outras potências, como os Estados Unidos e os países europeus. A complexidade dessa diplomacia se reflete na recente visita de Xi a Paris, onde as relações franco-chinesas demonstram um equilíbrio delicado em meio a uma Europa dividida sobre como responder ao avanço econômico chinês. A União Europeia continua a definir a China simultaneamente como parceiro, concorrente econômico e rival sistêmico.

*Com informações de Valor Economico